
Nascemos – ep.9: o segundo dia na maternidade
Amanheceu na maternidade.
Clarinha dormiu a noite inteira.
Eu não.
O hospital nunca dorme. São passos que ecoam. Portas que batem. Choro de bebê que vem de longe e parece atravessar a parede. Mas, quando olhei para ela, tão calma no berço, percebi: o silêncio que eu precisava estava ali, dentro dela. Então, segui animada.
Naquele dia, vivi um milagre pequeno, mas imenso.
Ela pegou melhor o peito e colostro começou a sair.
Tão pouco… quase nada… mas suficiente para encher meus olhos de lágrimas.
Era vida.
Era começo.
Era vitória.
E, ainda assim, o corpo gritava.
A dor estava em tudo. Cada movimento parecia exigir uma força que eu não tinha.
Quando a Clarinha foi tomar o seu primeiro banho, a salinha ficava bem em frente ao meu quarto. A enfermeira me pediu que levasse uma fraldinha.
Parece simples, né? Só que não era.
Até eu conseguir levantar da cama, apoiar meu corpo ainda tão frágil e andar até lá, demorou tanto… era frustrante. Eu queria estar presente em cada segundo, acompanhar cada detalhe, mas o corpo me lembrava, a cada passo, que eu tinha limites.
O dia seguiu nesse balanço estranho.
Entre luz e sombra, entre conquista e limite.
Fizemos exames e estava tudo bem. Comigo e com ela.
Quando a noite chegou, não restava nada da animação da manhã.
Só cansaço.
Só dor.
Só a necessidade urgente de fechar os olhos e descansar.
O segundo dia foi isso:
Um misto de amor e exaustão. De vitórias pequenas que, para mim, foram gigantes. De limites que rasgavam a pele e a alma. De descobertas que doeram, mas que estavam me fazendo renascer.
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