
Nascemos – episódio 11: 48 horas na maternidade
Quarenta e oito horas.
Esse era o tempo que já tínhamos vivido dentro daquelas paredes frias do hospital. E com tantas luzes acesas, tantos choros ecoando no corredor, eu já não sabia mais se era dia ou noite. O que eu sabia era da vontade imensa de estar em casa, no meu canto, com ela nos meus braços.
Naquela manhã, a médica passou cedo no quarto. Clara tinha perdido peso. Eu ainda produzia pouco leite. E tudo isso era um alerta. Mas ainda tinha esperança de ouvir a palavra alta, na próxima visita da médica.
Porém, não foi isso que aconteceu. E naquele momento, o mundo, que até então girava no ritmo da novidade, parou e eu senti o chão fugir por alguns segundos.
Respirei fundo.
Não era como eu tinha sonhado.
Eu queria tanto poder ir embora, descansar, sentir o silêncio da minha casa, o cheiro do meu travesseiro. Mas, ao mesmo tempo, eu queria estar bem para ela. Queria produzir leite, queria ver meu corpo responder, queria ser suficiente.
Foi aí que ouvi a recomendação: iríamos para o banco de leite. Lá, as enfermeiras poderiam verificar o que estava acontecendo e o que mais poderíamos fazer. E, por mais que aquilo fosse necessário, dentro de mim só cabia uma mistura de frustração e cansaço.
Era como se cada passo fosse lento demais. O corpo ainda gritava de dor, a cesárea latejava, e tudo parecia tão distante daquilo que eu sonhei.
Eu queria colo.
Eu queria chão.
Eu queria o meu lar.
Mas, naquele momento, o que eu tinha era o hospital, a rotina de exames, as luzes sempre acesas e a sensação de que o tempo não passava.
E, mesmo assim, quando eu olhava para ela, pequena e tão gigante ao mesmo tempo, algo dentro de mim se ajeitava. Eu respirava fundo, e encontrava uma força que eu nem sabia que existia. Era como se ela me dissesse, sem palavras: calma, mamãe, vai passar.
Aquele 11 de julho ficou marcado em mim. Não como o dia em que fomos embora, mas como o dia em que precisei encarar a realidade: não tinha mais o controle sobre tudo. E, ainda assim, eu precisava confiar no processo, acreditar no tempo, respeitar o meu corpo e o corpo dela.
Esse é o episódio 11 da série Nascemos. Ainda não viu o vídeo completo? Então, já corre aqui!
E ainda tem mais sobre esse dia… Quer saber como eu reagi a tudo isso? Então segue acompanhando, porque no próximo episódio eu conto mais detalhes. 🧡

