
Nascemos – episódio 7: o nascimento
A porta da sala de cirurgia se abriu. E o frio que já estava no meu corpo inteiro agora parecia morar dentro de mim.
Meu coração disparava. O medo era enorme. Eu odeio hospital!
Mas assim que eu entrei, os médicos começaram a brincar:
“É menino ou menina?”
“Vamos apostar, hein!”
“Deixa eu ver a barriga… ah, pra mim é menino!”
“Não, é menina! Tá na cara!”
Apelidaram a cirurgia de: cesárea revelação. Aquilo tudo me arrancou um sorriso nervoso. Era leve, era bom, mas não diminuía o que eu sentia. Enquanto eles se preparavam, minha cabeça já não dava conta. Era como se tudo estivesse em câmera lenta.
Quando finalmente me colocaram deitada, as lágrimas começaram a cair.
E o anestesista olhou pra mim com um carinho imenso e disse:
“Pode chorar, mãe. Chora mesmo.”
Chorei.
Fechei os olhos e deixei tudo vir. Um filme passou na minha cabeça. Tudo o que vivi na gestação, os altos e baixos, os medos, as superações…TUDO! Todas as dúvidas, as mudanças, os sonhos… e tudo aquilo me trouxe até ali.
Era como se o corpo estivesse parado, mas a alma correndo uma maratona. Eu queria estar ali, presente, mas sem pensar no que os médicos estavam fazendo.
Em meio a esse turbilhão, ouvi um comentário que me trouxe de volta pro momento:
“Cadê o pai? Cadê o celular?”
“Tá nervoso, será?”
Abri os olhos por um instante e vi a movimentação.
Sorri e fechei os olhos de novo.
E então, escutei alguém dizer:
“Já tô vendo o que é…”
Olhei pro relógio discretamente.
Era 13h50.
Cinco minutos depois, a médica avisou:
“Vai nascer!”
Abri os olhos. Olhei para o relógio. Era 13h55.
E nasceu.
Mostraram ela pra mim de cima.
Era uma menina.
A minha menina.
A Clarinha.
Eu já sentia que era ela.
Mas ver… confirmar… viver… foi demais pra mim.
Eu chorei.
Chorei como nunca.
Não consegui dizer nada.
Só chorar.
Enquanto limpavam, pesavam, mediam… eu não conseguia tirar os olhos dela.
Queria dizer tanto, mas nenhuma palavra vinha.
Me senti um pouco frustrada por isso.
Mas, quando ela voltou, eu falei. Eu beijei. Eu me apresentei.
Foi o nosso encontro.
Foi amor à primeira vista. E por mais clichê que pareça, é isso mesmo.
Naquele instante, tudo mudou.
Ela nasceu.
E eu também.
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