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Nascemos – episódio 6: o frio na barriga antes do parto

O céu chorava desde cedo.

Chovia sem parar, como se São Pedro também quisesse participar do nosso grande dia.

A gente precisava estar na maternidade às 7h30, mas a chuva atrasou um pouquinho o caminho. Ainda assim, fui tranquila. No carro, tudo parecia em silêncio, até dentro de mim. A cabeça já não pensava em muita coisa, só sentia e o coração tava em paz.

Dessa vez, minha mãe ficou em casa. A gente já sabia que ela não poderia entrar no hospital, e o frio estava demais pra deixá-la esperando do lado de fora. Então ficou lá, na torcida, na oração, mandando boas energias de longe.

Assim que chegamos, fui chamada para os exames. Fiz o de toque, ouvi o coraçãozinho do bebê, repeti todos os exames de rotina e tudo estava caminhando do jeitinho que tinha que ser…

Depois dos exames, fui pra sala de espera.

E ali… o tempo congelou de vez.

A fome começou a apertar. A sede também.

Eu, que sou do time do café da manhã reforçado, só pensava num pãozinho quente e numa caneca cheia de café. Mas não podia. Estava de jejum desde a noite anterior.

O frio era tanto que parecia que ele morava naquela sala. Fui pegando o que tinha na mala: casaco, roupão… Me empacotei como deu.

Tentei cochilar um pouco, encostar a cabeça, fechar os olhos… mas entre uma tremedeira e outra, só consegui descansar por breves minutos.

Nesse meio tempo, ouvi uma outra gestante pedir água e como estava cheia de sede fiquei bem atenta. E a resposta da enfermeira foi clara e ficou ecoando na minha cabeça:

“Você quer fazer xixi durante a cirurgia?”

Aquilo ficou comigo.

Por isso, quando me chamaram às 12h58 pra me trocar, a primeira coisa que fiz foi ir ao banheiro e fazer todo o xixi do mundo (risos).

Peguei o avental, fui me vestir… e na pressa, coloquei ao contrário. Saí do banheiro, e a enfermeira, com aquele sorrisinho de quem já viu isso acontecer mil vezes, disse:

“Tá do lado errado, mamãe… volta lá.”

Mas a reação dela me abraçou. Voltei rindo de mim mesma. Um pouco mais calma. Respirei fundo. Coloquei certo.

Depois disso, fui direto para a maca.

“Quer um cobertor?”, ela perguntou.

Aceitei.

“Mais um?” Aceitei também.

“Mais um?” Claro, pode trazer.

Mas ainda assim eu tremia.

Não era só o frio. Era o nervosismo que finalmente chegava com tudo.

Eu, que sempre odiei hospital, agora estava ali… às portas de uma sala de cirurgia.

O coração começou a acelerar. As lágrimas vieram sem pedir licença.

Não era tristeza. Era tudo junto: ansiedade, medo, amor, entrega, espera.

Era o corpo respondendo ao que a alma já sabia.

Era hora.

Agora não tinha mais volta.

Ali, deitada, eu só pensava:

Chegou. De verdade. Chegou.

E no próximo episódio…

Benzadeus. Você já sabe.

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