
Nascemos – episódio 3: e voltamos da maternidade
Ainda era o mesmo dia.
Aquela manhã já tinha começado agitada, cheia de emoção, dúvidas e frio, muito frio.
A gente foi pra maternidade com a mala pronta, mas com o coração ainda tentando entender se era agora. E no fundo, mesmo sem saber, a gente já sentia: estava chegando a hora.
Fomos eu, minha mãe, minha tia e o pai da Clarinha. Chegando na maternidade, só eu e ele conseguimos entrar. Minha mãe e minha tia ficaram esperando lá fora, cheias de malas e de expectativas. E eu… estava tentando manter a calma.
Na consulta, fui examinada por dois médicos homens e ali, durante o exame de toque, uma médica entrou na sala. Ela não disse nada. Apenas ficou acompanhando aquele momento.
E aquele simples gesto de cuidado, de presença, vou dizer, fez toda a diferença. Me senti mais confortável, mais segura. Ali eu tive certeza: aquele era o lugar certo pra receber o meu bebê.
O médico confirmou que eu ainda estava sem dilatação. A Clarinha seguia pélvica. E então, ele foi direto: não tem mais por que segurar o bebê. Eu já tinha completado 40 semanas, o tampão tinha saído, os sinais estavam todos ali.
Como eu tinha tomado um café da manhã reforçado, não poderia fazer a cesárea naquele momento. Então, o médico agendou para o dia seguinte: dia 9 de julho, às 7h30 da manhã.
De jejum e preparada por fora e por dentro.
Saímos da maternidade com essa certeza e, ao mesmo tempo, com o coração apertado.
Fomos almoçar no shopping. Um almoço de despedida. A minha tia, que tanto esteve comigo, teve que ir embora. Ela embarcou pra São Paulo e não conseguiu esperar a chegada da Clara. Fiquei triste, claro. Mas ao mesmo tempo, tão grata por ela ter estado ali até esse momento. Ter ela por perto, foi um presente.
Ainda passei numa loja. Queria comprar um tênis. Acho que era minha tentativa de viver um último momento de “vida normal” antes de tudo mudar. Experimentei, não achei o meu número e acabei comprando pela internet mesmo.
Voltamos pra casa.
E ali, no fim do dia, tive um pequeno sangramento. Foi o que me deu ainda mais certeza: o tampão tinha mesmo saído. Era real. Estava mesmo acontecendo.
Terminamos de pendurar os quadrinhos do quarto da Clara. E o que eu sentia? Uma mistura de cansaço e emoção. Mas, acima de tudo… gratidão.
Era a minha última noite com o meu bebê no forninho. Na próxima vez, eu voltaria pra casa com a minha vida inteira nos braços.
Esse é o terceiro episódio da série “Nascemos”, meu diário dos dias que antecederam o maior acontecimento da minha vida. Assista ao vídeo desse episódio e continue acompanhando essa história, que é feita de espera, fé, detalhes e muito amor.

